Se não tem Justiça, tem escracho feminista!
Companheiras e Companheiros,
A
luta pelo fim da violência contra a mulher é uma tarefa árdua e
cotidiana que exige de nós mais do que proferir palavras. Ser contra não
basta. É preciso organizar-se para combatê-la. Nos últimos períodos,
nós, do Núcleo Negra Zeferina da Marcha Mundial das Mulheres, assumimos
na ação a exigência de punição dos 9 integrantes da Banda New Hit que
estupraram duas adolescentes e também do policial militar que fez a
"segurança" dos estupradores enquanto a ato vil e repugnante acontecia
dentro do ônibus da banda, na cidade de Ruy Barbosa.
No
dia 16 de outubro de 2012 escrachamos o estuprador, vocalista da banda,
Eduardo Martins. Ação que teve grande repercussão na mídia nacional.
Recebemos o apoio de milhares de mulheres e homens que fizeram suas
vozes ecoar com as nossas em suas casas, nas redes sociais, pontos de
ônibus, escolas, universidades e fábricas. Trazendo a tona a discussão
da culpabilização da mulher pela violência sofrida, questionando porque
estão livres os estupradores e as mulheres violentadas estão
encarceradas, e agindo contra a naturalização do estupro.
Depois do escracho foram realizadas mais ações; como nas ruas de Feira de Santana contra o Show lá realizado, e no dia 29 de novembro em ato unificado realizado em virtude do dia 25 de novembro, dia internacional pela eliminação da violência contra a mulher, que teve como tema central O Caso New Hit; além da realização da audiência pública junto com Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia e a Comissão de Direitos da Mulher da Assembléia Legislativa da Bahia.
É chegada a hora do julgamento dos estupradores
Nos dias 18, 19 e 20 de fevereiro, na cidade de Ruy Barbosa-Ba, será realizado o julgamento. Nesse momento, o mundo volta os olhos para esse caso.
Estamos
mobilizando mulheres de toda a Bahia para comparecerem. É de
fundamental importância que façamos destes dias momentos de muita
pressão política e social para que sejam condenados os estupradores.
O
fato das meninas estupradas serem negras, filhas da classe trabalhadora
e estarem encarceradas, aguardando o julgamento em um programa de
proteção a crianças e adolescentes em situação de ameaça de morte, e
os estupradores estarem livres, fazendo show pela Bahia, protegidos pelo
dinheiro e pela fama. Como dito pelo vocalista escrachado por nós,
Eduardo Martins, eles são "os popstars do pagode, branquinhos e
bonitinhos", reafirmando o quanto o judiciário, assim como a sociedade
em que vivemos é machista e racista. Apenas 2% dos agressores de mulheres são condenados no Brasil.
Nos últimos 10 anos 40 mil mulheres foram assassinadas vítimas de violência machista.
A cada 12 segundos uma mulher é violentada em nosso país.
A
condenação dos estupradores da Banda New Hit será uma vitória para
todas e todos que lutam por um mundo de justiça, igualdade e liberdade.